Acredito que muitos de nós tenham lido este famoso poema de Manuel Bandeira na escola. Ele exprimiu meu sentimentos, muito antes de mim, com o mesmo espanto, a mesma indignação pelo absurdo que era ver uma pessoa mergulhada de cabeça, com o corpo dobrado quase até a metade pra dentro de uma caçamba de lixo, revirando restos para procurar o que comer.
Acho que isso me aconteceu logo depois do traumático episódio do assassinato a sangue frio do bebê foca. Pois é, "minha nada mole vida" começou cedo...
Este é apenas o retrato de um sociedade que, se faz isso consigo mesma, que dizer aos animais...
Então, tá aqui, direto do túnel do tempo, que estranhamente permanece tão presente...
O Bicho
“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.”
Manuel Bandeira
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