segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

E a Anta de Ouro vai para...


Eu queria acreditar que a humanidade caminha para frente, mas parece que, a cada vez que eu digo para mim mesma com fé que "agora vai!" eu vejo uns dez exemplos de que a gente não vai. Ou vai é pro brejo mesmo. Será que é mesmo como canta o Lulu Santos, que a humanidade caminha a passos de formiga e sem vontade?

Vejam só um exemplo: quando a Christine Lagarde esteve aqui no Brasil em dezembro (acho) de 2011, ela foi entrevistada jornalista William Waak. Ele não é uma Mônica Waldvogel, mas, se ele não tivesse escolhido ir para o Lado Negro da Força (leia-se: o lobby dos PIGs), poderia ser. Então, na primeira pergunta à primeira-dama do FMI, ele quis fazer uma piadinha machista sem-graça, dizendo que uma arma nas mãos de uma mulher era perigoso. Ela - que deve estar tão entendiada de ouvir isso a vida inteira - devolveu com a simples pergunta: "Por quê?", deixando-o muito desconfortável ao tentar emendar o soneto de pé quebrado, colocando o embaraço dele em foco.

Outro exemplo: em uma reportagem do Jornal Nacional sobre as mulheres que estão se formando pilotos na Aeronáutica brasileira, o repórter entrevistou uma piloto, depois do seu primeiro voo solo, visivelmente orgulhosa de si, sorridente, e ela recebe esta bofetada do jornalista: "E agora, vai lembrar que é mulher e vai chorar?"

Por que eu estou falando disso tudo que nem parece ter lugar no Bicho-Homem? É que houve um outro ataque da Besta Anônima (ou melhor, do Anônimo besta) sobre o post do "Filhos, por que tê-los?":

"ahahahh mais uma usando a internet como terapia!! se tivesse um filho, ou sequer um namorado não estaria escrevedno tamanhas baboseiras. brincando com gatos no corredor!! ahahaha"

É fato, eu uso este blog como um desabafo sobre as barbaridades que escuto enquanto envolvida em ações de defesa animal. É um desabafo e uma maneira de pensar sobre o que é o ser humano, sobre nossas noções de humanidade, de bestialidade, nossa relação com nossa animalidade e a humanização dos animais. São fronteiras cinzentas da nossa concepção de ser e de nossa maneira de interagir com o mundo, com o meio ambiente, os animais da fauna urbana, em especial. E abri o blog ao público para que outras pessoas pudessem compartilhar suas impressões. Mas não escrevi este blog para escrever sobre minha vida pessoal e não pretendo dar detalhes dela aqui. Já mencionei ter sido casada, mas não falei sobre minha situação atual (solteira não quer dizer sozinha); já mencionei não desejar ter filhos agora porque tenho outras questões como prioridade, como muitas mulheres da minha idade e da minha época, deste século, neste e em muitos países do mundo. Este blog é um exercício de filosofia, é o meu exercício de pensar "Quem somos nós?". E que resulta na minha atuação pública na sociedade, no meu exercício de política.

Pelo menos eu tento, pelo menos eu ainda exercito meu cérebro e minha mente, e ajo, vou à luta, não fico só reclamando no sofá em frente à tv da política de péssima qualidade que temos no Brasil. Ao contrário do Anônimo besta que, ao continuar apenas repetindo preconceitos, demonstrou irresolutamente que é incapaz de fazer o mesmo. Quem só repete preconceito não pensa.

Sem querer ofender os tapirídeos, mas este Anônimo besta é mesmo uma anta! E a Anta de Ouro vai pra você!


2 comentários:

Jacqueline Ferreira disse...

Jú!
Gostei tanto, que seu texto me levou a escrever um baseado na sua ideia... http://construindo-se.blogspot.com/2012/02/anonimo.html


Bjs.

Juliana Silveira disse...

Jaquie, você já sabe que eu gosto muito das suas reflexões! Parabéns pelo seu texto e por seu blog! E vamos seguindo, pensando...